FMI refaz projeções e calcula que o PIB vai crescer 2,4% este ano

O Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgou, ontem, a revisão da projeção econômica global, feita pela última vez em julho deste ano. Para o Brasil, o relatório Perspectiva Econômica Mundial (WEO, em inglês), elevou levemente a estimativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) este ano, de 2,3% para 2,4%. Para o ano que vem, no entanto, houve redução na previsão, que em julho estava em 2,1%, para 1,9%.

O economista Fabrício Lacerda, do BTG, acredita que os dados de 2025 foram realistas, porém, os de 2026 foram conservadores. "Em 2025 o PIB de fato tende a ter esse tipo de resultado e foi impactado, minimamente, pela política de tarifas do governo Trump, contudo, para 2026 não compartilho dessa projeção. Acredito que existem variáveis que o FMI desconsiderou nesse cálculo. A mais importante delas é que 2026 será ano eleitoral e historicamente, os gastos do governo são maiores que a média dos anos anteriores, impulsionando o PIB", afirmou.  

Já o economista da Armada Asset, Marcos Hanna, ressalta que as revisões e os dados são realistas. "O Brasil, com crescimento do PIB projetado para 2,4% em 2025 e 1,9% em 2026 fica abaixo da média de crescimento projetada para os emergentes (4,2% em 2025 e 4,0% em 2026). Apesar de possuirmos um mercado de trabalho que se mantém em patamar saudável e aquecido, há uma dependência grande da informalidade (40%), pouca inovação e burocracia excessiva, resultando em baixa produtividade (diferente de outros emergentes como Índia e China). A baixa produtividade somada à política monetária restritiva e, principalmente, ao cenário externo instável e imprevisível, tornam realista a posição menos favorável do Brasil diante de outros emergentes.A dependência do Brasil por commodities voláteis o deixa mais vulnerável à instabilidade política e comercial observada hoje no mundo", explicou.

"A meu ver, haveria espaço para mais pessimismo tendo em vista o ambiente fiscal desorganizado e incerto que temos atualmente e a dificuldade diplomática que o Brasil vem tendo com parceiros relevantes como os Estados Unidos. O avanço da reforma tributária trará atrito para as empresas com a transição gradual que se inicia em 2026 e a constante tentativa do governo de elevar a carga tributária afasta novos investimentos na economia real", concluiu.

O documento revela que o tarifaço de Trump, de modo geral, teve efeitos mais brandos do que o esperado anteriormente. Isso graças aos acordos comerciais, que reduziram os impactos das tarifas. O FMI, entretanto, acredita que as taxas tarifárias dos Estados Unidos ainda vão gerar efeitos, em 2026, e também comenta sobre a desaceleração no impulso doméstico no Brasil, por “políticas monetárias e fiscais restritivas".

O relatório projetou a inflação média anual do Brasil para 5,2%, neste ano. Para 2026, o aumento dos preços de bens e serviços, medido pelo IPCA, deve desacelerar para 4,0%, de acordo com o órgão.

O documento prevê a piora no desemprego brasileiro. Segundo o FMI, a estimativa do desemprego, neste ano, deve ser de 7,1%.  Em 2026, é estimado 7,3%. O indicador, em 2024, foi de 6,9%.

Economia mundial

O organismo projetou a desaceleração da economia global, dos 3,3% de 2024, para 3,2%, em 2025.

"A incerteza da política comercial permanece elevada na ausência de acordos claros, transparentes e duráveis entre parceiros comerciais —e com a atenção começando a se deslocar do nível eventual de tarifas para seu impacto sobre preços, investimento e consumo", apontou o banco.

“A resiliência inesperada na atividade e a resposta moderada da inflação refletem —além do fato de que o choque tarifário acabou sendo menor do que o anunciado originalmente— uma série de fatores que proporcionam alívio temporário, em vez de força subjacente nos fundamentos econômicos", completou no documento.

O fundo considerou que Brasil, China, França e Estados Unidos tendem a ter um aumento significativo nas dívidas em relação ao PIB, neste ano.

Fonte: correiobraziliense